Memória

Florbela Espanca (Vila Viçosa, 1894 – Matosinhos, 1930) é escritora e tradutora. Exímio sonetista, publicou ainda em vida Livro de mágoas (1919), Livro de "soror saudade" (1923) e deixou a cargo de Guido Battelli a publicação de Charneca em flor (1931), que veio a lume postumamente. Dedicou-se a escrita de contos (As Máscaras do destino, O dominó preto e algumasnarrativas esparsas) e de um Diário, todos publicados após sua morte, que ocorreu do dia 7 para 8 de dezembro em Matosinhos, Portugal. Recorde-se que, em 1926, Florbela trabalhava como tradutora de romances para a editoraFigueirinhas e também traduz, em 1927, para a editora Civilização, além de colaborar, ao longo de sua vida, em revistas e jornais. Possui um caderno que intitulou "Trocando olhares" e que reúne composições literárias, em prosa e verso,produzidas por ela entre 10 de maio de 1915 e 30 de abril de 1917. O caderno reúne, portanto, peças que registram oprocesso de criação poética de Florbela e que foram por ela organizadas em diversos projetos poéticos (o homônimo Trocando olhares, Alma de Portugal, O livro d'Ele e Minha terra, Meu amor) e antologias (Primeiros passos e Primeiros versos). Florbela é considerada uma precursora ao inaugurar um discurso erótico-amoroso na literatura portuguesa, temáticaessa velada às escritoras. Também possui uma biografia um tanto transgressora para os padrões vigentes do início doséculo xx e para a ditadura portuguesa, pois foi casada três vezes, negando-se a ser subserviente aos padrões morais daaltura. Após a sua morte, ao ingerir uma quantidade não revelada do barbitúrico veronal, acabou por ser condenada, pelos conservadores, e aclamada pelo público leitor, fazendo com que sua obra fosse reeditada várias vezes.